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19/09/2018

Entrevista ao IPIAÚ ONLINE sobre suicídio





Entrevista com o Psicólogo  Matheus de Oliveira Silva CRP: 03/18092. O psicólogo atua com terapia analítica e é pós-graduando. Realiza atendimento a Adultos e Adolescentes.
Também fez parte do projeto Multifacespsi, como profissional no trabalho social, desenvolvendo análises clínicas e aplicando testes psicológicos, além de realizar cursos.
O psicólogo Matheus recebeu a reportagem do IPIAÚ ONLINE, para falar sobre as principais causas e cuidados que levam uma pessoa a atentar contra a própria vida. Ele também diz como familiares e amigos podem identificar sinais de transtornos que podem levar a morte.
Confira:
Ipiaú Online: O que é o Setembro Amarelo?
Psicólogo Matheus Silva: É a quebra do tabu a respeito do tema. É uma campanha Nacional que o Conselho Federal de Psicologia apóia. A campanha foi criada no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). O Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2014 concentradas em Brasília, e hoje já esta a nível nacional. È um espaço onde a sociedade pode discutir o tema suicídio, falar das tristezas e da depressão e é simbolizado com a iluminação de prédios públicos e pontos turísticos com a cor amarela.
Ipiaú Online: O que leva uma pessoa a cometer o suicídio?
Psicólogo Matheus Silva: Não há uma causa especifica, mais é importante considerar o histórico de vida do sujeito. Entre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicos, como perdas recentes; e condições clínicas incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica. Porém, tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado no Sistema Único de Saúde conforme um projeto terapêutico individual. O estado emocional é o que leva uma pessoa a cometer o suicídio, a questão social, e de como se dar a relação dessa pessoa com a comunidade, a questão do reconhecimento social de um sujeito é fundamental. O que chamamos de autoestima é o que também faz com que a pessoa venha lutar pela vida e não venha cometer o suicídio.
Ipiaú Online: Como podemos identificar, e quais os dados relacionados ao suicídio?
Psicólogo Matheus Silva: É um problema de saúde publica, temos que pensar no nível social e individual, o que leva o sujeito a se matar. Ao perceber que alguém esta se comportando de forma deferente, temos que ter a sensibilidade de ouvir o discurso dessas pessoas, temos que ter atenção aos sinais de tristeza grande, sinais de vazio na vida, as pessoas que começam a pensar em suicídio perdem o prazer pela vida, para de investir na vida. São pessoa que não falam de seus sentimentos, ai ta a importância de termos atenção as mudanças de comportamento e as pessoas fechadas, ressaltando que tem pessoas que são mais introvertidas e segundo Jung e uma forma de caráter. Segundo este teórico existe dois tipos de pessoa, a introvertida e extrovertida. Contudo, o importante é dar atenção e ouvir o sujeito em sofrimento. Falar é o melhor, e procurar ajuda profissional especializado. Dados do Ministério da saúde (MS) em um diagnóstico publicado em 2017 registrou entre 2011 e 2016, 62.804 mortes por suicídio, a maioria (62%) por enforcamento. Do total de tentativas no sexo masculino, 31,1% tinham entre 20 e 29 anos. Além disso, 58% dos homens e mulheres que tentaram suicídio utilizaram substâncias que provocaram envenenamento ou intoxicação.
Ipiaú Online: Como tratar?
Psicólogo Matheus Silva: As práxis da psicologia é a prevenção, falar do suicídio é o ponto importante, mas nós da sociedade podemos ajudar para que mais mortes sejam evitadas. O que sabemos é que quanto mais falamos sobre o tema mais esclarecemos as dúvidas e tabus, e mais conscientizaremos a população sobre a prevenção ao suicídio. Hoje aqui estamos fazendo um papel importante, que é discutir e expor o tema através dessa entrevista. E todos podem fazer essa prevenção, se você sabe ou consegue perceber alguém que está em sofrimento, escute-a, suicídio não é bobagem ou frescura, é coisa séria e se a pessoa pensou nessa possibilidade é porque algo em sua vida não vai bem! Encaminhe a profissionais especializados que podem ser: psicólogos, psiquiatras, médicos, enfermeiros etc. Para que a pessoa receba cuidados e orientações sobre o que está sentido. Falar é a melhor solução!
Ipiaú Online: É possível evitar que alguém próximo cometa o suicídio? Como os familiares e a comunidade podem ajudar?
 Psicólogo Matheus Silva: Como já disse podemos atuar de diversas formas, ao perceber comportamentos de nossos familiares e amigos que não condizentes do habitual, ao ouvir o sujeito e ao encaminhar ao um especialista. Os serviços de assistência psicossocial têm papel fundamental na prevenção do suicídio. O Boletim da (MS) apontou que nos locais onde existem Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), uma iniciativa do SUS, o risco de suicídio reduz em até 14%. Outro ponto para ampliar o atendimento é a parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV). O Ministério da Saúde tornou gratuita a ligação para fazer o apoio emocional por para prevenção de suicídios, sendo o numero importante e gratuito no território nacional, é um espaço de acolhimento e de encaminhamento da pessoa com sofrimento e ideações suicida, o numero 188. Ao se deparar com uma situação tenha uma postura com mais iniciativa. Trate de liderar esse passo tão crucial: “quero ajudá-lo e, por isso, vou agendar uma consulta com um profissional da saúde para você. Se preferir, vou gostar de acompanhá-lo neste momento”. Este apoio é crucial.
Ipiaú Online: Crianças que tem comportamentos agitados, que não tem comportamento e educação adequada podem ter esse problema?
Psicólogo Matheus Silva: Sim, não tem uma origem para a ocorrência em crianças/adolescentes que queiram acabar com a própria vida. As ultimas pesquisam apontam que tem crescido o numero de suicídio na faixa etária de 15 a 29 anos, o suicídio é maior entre os homens, cuja taxa é de 9 mortes por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o índice é quase quatro vezes menor (2,4 por 100 mil). Estou em um projeto social onde atendemos as crianças de uma instituição escolar onde já encontramos casos de tentativas de suicídio. É nessa fase da vida, as pessoas se dão conta de que o mundo “é um lugar muito sem fantasia, sem esperança”, o que pode gerar o desespero. “É um desânimo típica da adolescência, você se dá conta do peso do mal estar no mundo, e isso varia conforme o ambiente político e cultural”, o Brasil e vários países do mundo experimentam momentos de expectativas pessimistas o que não é um ambiente favorável.
Ipiaú Online: Como um psicólogo pode ajudar?
Psicólogo Matheus Silva: O conhecimento de si é importante, e buscar um profissional especializado, psicólogo, psiquiatra ou profissionais da área de saúde. O psicólogo tem seu papel fundamental, é na psicoterapia que podemos ajudar a pessoa com pensamentos suicidas, na relação psicoterápica o sigilo é essencial, porque possibilita ao paciente falar de sua intimidade na certeza de que será respeitado e protegido no que se refere à manutenção do que é confidencial. Há casos em que o sigilo precisa ser rompido, como é o caso do suicídio, daí a importância de contratos terapêuticos claros. Profissionais de saúde têm como objetivo maior salvar vidas. Na clínica junguiana, a análise não tem por objetivo promover adaptação social ou julgamentos. O Psicólogo mantém a objetividade, entendida não no sentido de separação entre sujeito e objeto, e sim de abertura ao outro, sem dirigi-lo orientado por suas próprias crenças e valores éticos, já que analista e sujeito poderão ter pontos de vistas diferentes. A investigação analítica tem como objetivo compreender a intenção ou o ato suicida e não perdoar, condenar ou emitir julgamentos. Para se proteger a vida e prevenir o suicídio, há várias práticas para “normalizar” o sofredor. Embora pareça contrário ao senso comum e à prática médica, o autor Hillman diz que: “caso se defenda a vida psicológica, como deve fazer o analista, pode ser que se tenha que frustrar a vida física”.
Ipiaú Online: Para finalizar, suas considerações finais.
Psicólogo Matheus Silva: Quero primeiramente agradecer a oportunidade de falar desse tema importante. Um ponto importante, as pessoas não tenham medo de falar daquilo que estão sentindo, muitas vezes por medo as pessoas vão se fechando, vão se isolando e se retirando do convívio do contato e da possibilidade de falar e serem ouvidas. A escuta é fundamental, é importante falar, mas o ponto importante e que a pessoa escute o que se ta sendo falado, se antena no que esta sendo falado, vale tanto para quem ta sentindo como vale para quem escuta, tanto no âmbito familiar como no âmbito profissional. Que possa contar com alguém para falar. É ajudar esta pessoa em sofrimento no direcionamento ao profissional psicólogo especialista em lidar a subjetividade humana.

Fonte:  Ipiaú Online.